histórias vividas e por viver


Atividades para crianças.





duração do projeto
JUL 2022
local do projeto
Agrupamento de Escolas do Catujal (Unhos, Lisboa)
curadoria
Manu Romeiro | Inês Nêves | Lígia Fernandes
entidades parceiras
Junta de Freguesia de Camarate, Unhos e Apelação AMRT Transcultural
Este projeto partiu de uma parceria com Junta de Freguesia de Camarate, Unhos e Apelação e a AMRT Transcultural. Esta parceria visa criar e explorar relações contínuas entre o bairro de Quinta da Fonte e uma comunidade de artistas que trabalham a arte social, situada e participativa. Quinta da Fonte: bairro caloroso bordado a amarelo e banhado de casas. Bairro caloroso com muita vida por certo, mas que nem sempre se vê. Assim nos pintaram Quinta da Fonte e assim o vimos nós, quando o visitámos. E assim nos pediram, e nós consentimos, para alimentar esse calor.

As entidades parceiras, ao longo de um largo trabalho com o território, identificaram em Quinta da Fonte uma fraca coesão social e ligação entre as diferentes associações locais, manifestando uma necessidade de repensar os atuais modelos de realojamento, comunidade e identidade. Foi com base nesta análise do território e numa vontade de criar oportunidades para artistas desenvolverem trabalho com a comunidade local que iniciámos esta parceria, objetivando, através da organização de projetos de criação artística, desenvolver e partilhar ferramentas para que a própria comunidade continue a desenvolver de uma forma contínua o trabalho catalisado por nós. Visamos explorar artisticamente e, esperançosamente, fortalecer as conexões entre quem pisa o solo quente de Quinta da Fonte: os seus habitantes, os órgãos locais, os artistas, e o próprio território.

A atividade para crianças “Histórias vividas e por viver” foi a primeira iniciativa a nascer desta colaboração: um primeiro contacto para nos ajudar a conhecer as histórias reais ou imaginadas, os sonhos e as vidas das crianças que habitam o caloroso bairro da Quinta da Fonte.



— “histórias vividas e por viver”
“Aos sete anos, ou aos oito, não me lembro, eu fui a Marrocos. E numa cidade que já não me lembro como se chama, nós fomos para um hotel que parecia um castelo. E tinha lá um piano. Eu tava a tocar notas a balda porque ainda não sabia tocar. Por isso apetece-me voltar lá agora. Porque agora já sei tocar.”

O passado é recente (se não presente), e as memórias — tão vivas — até arrepiam só de lembrar… Geram gargalhadas, desejos. Ao ir e retornar sem dificuldades, imaginamos um futuro próximo e glorioso, sem receio. Ao contrário dos adultos que, através das histórias (outrora vividas, agora contadas), tocam e revivem nostalgicamente o passado, as crianças vivenciam a suas histórias como um processo de entendimento, de aprendizagem e diversão. Ao recordar e imaginar, navegam as diversas direções do possível e do impossível. Na imaginação cabe tudo!

Este programa de atividades para crianças entre os 6 e 12 anos juntou diferentes propostas multidisciplinares relacionadas com histórias de infância: histórias que nos formam e marcam enquanto adultos, e que são o presente das crianças do agora.

“E depois, quando eu saía para a varanda, não havia quintal, era varanda. Ahm… sempre mexíamos nos vasos das plantas para pôr noutro sítio e limpar... então um dia levantamos um vaso e ele estava cheio de leeeeesssmmmmaaaasss... eu desde esse dia comecei a ter medo das lesmas, porque... porque uma delas subiu para o meu braço... hummm... isssssshhhh...”

   
— Atividades

Manu Ribeiro
"Aqui foi contada uma história"


Atividade de desenho e narrativa oral. A atividade foi realizada em pares. Cada duas crianças executaram duas atividades: à vez, uma contou uma história enquanto a outra desenhava essa história. Selecionamos um grupo com crianças mais crescidas para este workshop por potenciar a partilha de sentimentos, propondo o desafio de mostrarem vulnerabilidade emocional com os seus colegas. “Aqui foi contada uma história” foi uma atividade para aprender não apenas a desenhar, criar, imaginar e comunicar, mas também um desafio para se olhar para dentro de si, e abrir-se aos outros.

Alessandra Vilela
"Workshop de aguarela em tecido"


Esta atividade focava-se na pintura com aguarelas em tecido. A Alessandra ensinou a técnica de pintura com aguarelas,  e explicou conceitos básicos do sistema das cores. Ao proporcionar uma nova competência técnica, a Alessandra procurou estimular a creatividade das crianças, e explorar liberdade de expressão, permitindo-os encontrar a sua própria voz. 

Liz Melchor
"Vamos fazer uma história de macacos!"


Vamos fazer huma história de macacos robot: uma tarde em que cada criança coloriu, ajustou, e adicionou ao contorno de um macaco que foi impresso com uma pen plotter (robot de desenho). O objetivo wea fazer uma animação stop-motion muito curta: cada criança tomou parte numa história coletiva. Esta atividade procurou integrar a diversão infantil dos desenhos-animados, oferecendo uma interação com ferramentas tecnológicas; e mostrar às crianças que, juntos, cada um tem a responsabilidade e autonomia para ser parte de uma história unificada.

Ana André
"Histórias e bonecos de papel"


Na atividade “Histórias e bonecos de papel”, duas histórias foram contadas, e para cada uma delas as crianças foram ensinadas a fazer um boneco de papel ao dobrar e cortar, e a fazer uma camisola para essa figura. Ao moldar a figura, as crianças personalizaram o seu brinquedo: em alguns casos, criaram uma replica de si mesmos, noutros, uma réplica de uma figura tutelária ou heróica.




Carla Luís “Direitos humanos: o que são e o que devem ser?”


Nesta atividade chamada “Direitos humanos: o que são e o que devem ser?”, falámos sobre os Direitos Humanos: os Direitos que temos, e os que devemos ter. As crianças foram convidadas a falar sobre estes aspets e produzir materiais visuais (ao desenhar e escrever) relacionados com o tópico. Os materiais foram pendurados na parede no formato de uma exposição, dando voz à participação das crianças.






Fotografia: Nicole Sánchez e Inês Nêves


baseadxs em Lisboa, Portugal
PTEN